REVISTA DE TRABALHOS ACADÊMICOS – CENTRO UNIVERSO JUIZ DE FORA, No 17 (2023)

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IMPORTÂNCIA DAS TAREFAS ECOLÓGICAS NO PROCESSO DE AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA DO TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA EM CRIANÇAS

Roseane Ribeiro Mendonça, JOSELY FERREIRA RIBEIRO, GABRIELA HOFSTATTER, GABRIEL ALEXANDRE DA CUNHA, JONATHAN CAMPOS DOS REIS

Resumo


Introdução: O transtorno do espectro autista (TEA) é um transtorno do neurodesenvolvimento e tem como características essenciais prejuízos na comunicação social recíproca e na interação social, além de padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades. O processo de diagnóstico em crianças com TEA é complexo e muitas vezes os testes psicométricos podem subestimar suas habilidades. Em geral, no processo diagnóstico de crianças com suspeita de TEA é solicitada uma avaliação neuropsicológica. A neuropsicologia é a área da Psicologia que se dedica ao estudo da relação entre as funções do sistema nervoso e o comportamento humano, utilizando, para tanto, conhecimentos e constructos teóricos relacionados à neurociência, à avaliação psicológica e à psicologia do desenvolvimento (CFP n. 23/2022). Dentro deste campo, a avaliação neuropsicológica é uma avaliação objetiva do desempenho cognitivo, linguístico, perceptual e psicomotor de uma pessoa com o objetivo de relacionar esse desempenho com as condições funcionais e estruturais do cérebro. Portanto, é essencial que a avaliação seja realizada considerando todas as facetas das funções cognitivas e do potencial cognitivo incluindo uma abordagem ecológica do funcionamento da pessoa avaliada. As tarefas ecológicas permitem uma avaliação mais próxima do funcionamento cotidiano da criança, explorando suas habilidades adaptativas, interação social, comunicação e habilidades práticas. Objetivos: apresentar a importância que as tarefas ecológicas possuem para a avaliação neuropsicológica. Mais especificamente, aborda a mudança de perspectiva da avaliação baseada no construto para uma avaliação baseada na funcionalidade, com interesse crescente de profissionais e pesquisadores na validade ecológica dos testes neuropsicológicos. Metodologia: Revisão narrativa por pesquisa bibliográfica de artigos encontrados no Scielo (Scientific Eletronic Library Online), Pepsic (Periódicos Eletrônicos em Psicologia) e Lilacs (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde). Foram considerados artigos revisados por pares, dos últimos cinco anos, em língua portuguesa do Brasil. Resultados/ Discussão: A avaliação neuropsicológica consiste em processo complexo que envolve a utilização de diversas ferramentas, como entrevistas, exame do estado mental, anamnese, escalas, observação em contexto clínico e em situações cotidianas, tarefas e instrumentos padronizados para a investigação de diversos aspectos do funcionamento cognitivo e socioafetivo individual. Vale ressaltar que diversos fatores podem interferir no desempenho do paciente nos testes, sendo assim, a interpretação baseada apenas em resultados quantitativos pode levar a concepções errôneas. A partir dessa linha de pensamento, os escores precisam ser integrados a outras informações, muitas delas de natureza qualitativa, obtidas por meio da anamnese, observação clínica através das tarefas ecológicas e observação informal do comportamento, de modo que hipóteses possam ser testadas e um diagnóstico possa ser formulado. O principal objetivo não é o levantamento de escores e sua mera interpretação normativa, mas o teste de hipóteses e a formulação de um juízo do entendimento do modo de funcionamento daquele avaliado. Os pacientes quando recebem o relatório neuropsicológico estão interessados no raciocínio clínico e não apenas nos escores obtidos. As tarefas ecológicas auxiliaram na avaliação da criança, principalmente no momento de observação do seu funcionamento na clínica propiciando mais dados para ajudar na costura do raciocínio clínico.  Conclusão: A literatura revisada aponta que, ao incorporar tarefas ecológicas no processo de avaliação neuropsicológica, é possível obter informações mais contextualizadas e relevantes sobre as habilidades e dificuldades específicas da criança, contribuindo para um diagnóstico mais preciso e um planejamento de intervenção mais efetivo. Essa abordagem mais abrangente e centrada na criança, que considera as demandas ecológicas do seu ambiente, oferece uma visão mais completa de seu perfil neuropsicológico, auxiliando no desenvolvimento de estratégias terapêuticas, no suporte e intervenções mais individualizadas necessárias para seu desenvolvimento global.


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ISSN 2179-1589

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