Introdução: O Hiperadrenocorticismo (HAC) é uma doença endócrina comum em cães, apresentando duas formas: iatrogênica e espontânea (adeno ou hipófise-dependente). Provoca elevação das concentrações de cortisol, manifestando-se com sintomas dermatológicos, abdômen abaulado, alterações urinárias (hematúria, baixa densidade urinária, presença ou não de piúria) e fraqueza muscular (NELSON & COUTO, 2015). O distúrbio em cães com infecção do trato urinário inferior (ITU) é relacionado à supressão imunológica, fato que também pode ser correlacionado aos cães com HAC devido a ação imunossupressora do cortisol (WONG et al, 2015). O tratamento com o trilostano (3-6 mg/kg) é o mais comum, controlando a produção de cortisol (PAULA et al., 2018). Objetivos: A revisão tem o objetivo de discutir a associação HAC e ITU subclinica podendo evoluir para forma complicada concomitantes, apresentando a importância do monitoramento do trato urinário em cães com HAC. Metodologia: Para a revisão de literatura utilizou-se dados da literatura e das bases do Google Acadêmico, Scielo Brasil e Periódicos Capes, sendo selecionados artigos científicos do período de 2013 a 2023. A pesquisa foi conduzida por meio dos descritores “Hiperadrenocorticismo”, “Infecções do trato urinário” e “Infecções complicadas do trato urinário inferior”. Resultados/Discussão: O cortisol tem ação antiinflamatória, mascarando sinais de ITU, favorecendo a evolução da infecção para a forma complicada (multirresistente e recidivante) (MARTINS et al., 2015). Em concentrações elevadas o cortisol exerce um efeito imunossupressor. Ele inibe a produção de prostaglandinas pelos tecidos afetados e reduz a liberação de histamina pelos mastócitos. Além disso, o cortisol diminui a capacidade de fagocitose e suprime a formação de anticorpos. O hormônio também desempenha um papel na estabilização das membranas lisossômicas dos granulócitos, prevenindo a liberação de enzimas proteolíticas que podem danificar os tecidos. Isso resulta na perda da L-selectina em neutrófilos e linfócitos, o que limita sua saída pelas vênulas pós-capilares e sua migração eficaz para o local de infecção (DUKES, 2017). A fraqueza muscular causa retenção de urina prolongada favorecendo o surgimento de ITU (NELSON & COUTO, 2015). A cultura de urina é essencial, mesmo sem sintomas evidentes de ITU (forma subclínica). Conclusão: O diagnóstico precoce e o tratamento adequado do HAC são cruciais para minimizar os efeitos adversos do excesso de cortisol. O controle dos níveis hormonais também influencia a capacidade do organismo de combater infecções. O tratamento de infecções urinárias em cães com HAC deve ser cuidadosamente planejado, levando emconsideração a resistência bacteriana e os efeitos antiinflamatórios do cortisol. É fundamental manter um acompanhamento regular com exames de urina com cultura para evitar complicações e resistência a antibióticos.

ISSN 2179-1589