REVISTA DE TRABALHOS ACADÊMICOS – CENTRO UNIVERSO JUIZ DE FORA, No 17 (2023)

Tamanho da fonte:  Menor  Médio  Maior

INFLUÊNCIA DO ALEITAMENTO DE BEZERRAS COM LEITE DE DESCARTE NA OCORRÊNCIA DE MASTITE

Larissa Kirchmeyer Vianelo de Oliveira, Kauã Nunes de Oliveira Gomes, Juliana França Monteiro de Mendonça

Resumo


Introdução: O aleitamento de bezerras com leite de descarte, seja ele por contaminação microbiológica ou com resíduos de antibióticos, é uma realidade na pecuária leiteira [1, 2]. Com o desenvolvimento deste setor, foram fomentadas pesquisas em torno dessa prática a fim de comprovar a influência desse manejo na ocorrência de mastite em novilhas e na resistência de antibióticos para tratamentos, devido seu resíduo presente no leite (em tratamento de enfermidades sem descarte adequado e utilizado para aleitamento). Objetivo: Ressaltar a importância da não utilização do leite de descarte para aleitamento de bezerras, compreendendo sua influência na ocorrência de mastite que comprometerá sua eficiência produtiva futura. Metodologia: Foi realizada uma revisão bibliográfica de artigos publicados em inglês e português, de 2013 a 2023, pesquisados nas bases de dados Google Acadêmico e Scielo. Os descritores utilizados foram “waste milk”, “dairy calves”, “heifers mastitis”, “antibiotic resistance” e o booleano “and”. Resultados/Discussão: O oferecimento de leite com alta CCS (contagem de células somáticas) pode causar inúmeros problemas à bezerra, dentre eles, a mastite (principalmente quando há a presença de patógenos como Staphylococcus aureus e Streptococcus agalactiae) [3, 4]. Isso ocorre porque o patógeno pode ficar em período de incubação ao entrar em contato com o organismo da bezerra e somente apresentar sinais clínicos quando entrar em lactação [2, 3]. Além disso, em sistemas de criação coletiva, após mamar o leite no balde a bezerra tende a tentar sugar qualquer outro artefato, pois o balde não atende a necessidade nata de mamar, predispondo a ocorrência da mamada cruzada [5]. Nesta, uma bezerra tenta mamar na outra, e sua boca contaminada com patógenos provenientes do leite de descarte contamina a glândula mamária de outra bezerra, o que pode comprometer sua produtividade futura, devido a inflamação do tecido mamário [5]. Ademais, tem-se o leite de descarte por resíduos de antimicrobianos, sendo um risco para o desenvolvimento de resistência dos microrganismos presentes no organismo do animal a esse fármaco, dificultando a resposta de tratamentos quando necessário o uso de antibióticos, no caso de mastite e outras enfermidades [2, 6]. Conclusão: O leite de descarte proveniente de animais com mastite e/ou animais em tratamento com antibióticos, não deve ser destinado ao aleitamento de bezerras, devido ao comprometimento do sistema imune do animal, maior risco de desenvolvimento de mastite no futuro e ocorrência de microrganismos resistentes a antimicrobianos.



REFERÊNCIAS


  1. DENG, Y. F. et al. Influence of dairy by-product waste milk on the microbiomes of different gastrointestinal tract components in pre-weaned dairy calves. Scientific Reports, v. 7, n. 1, p. 42689, 2017.

  2. MA, Yulin et al. An overview of waste milk feeding effect on growth performance, metabolism, antioxidant status and immunity of dairy calves. Frontiers in veterinary science, v. 9, p. 898295, 2022.

  3. DERAKHSHANI, Hooman et al. Invited review: Microbiota of the bovine udder: Contributing factors and potential implications for udder health and mastitis susceptibility. Journal of dairy science, v. 101, n. 12, p. 10605-10625, 2018.

  4. RUEGG, Pamela L. A 100-Year Review: Mastitis detection, management, and prevention. Journal of dairy science, v. 100, n. 12, p. 10381-10397, 2017.

  5. MAHMOUD, Motamed Elsayed; MAHMOUD, Fatma Ali; AHMED, Adel Elsayed. Impacts of self-and cross-sucking on cattle health and performance. Veterinary World, v. 9, n. 9, p. 922, 2016.

  6. AUST, V. et al. Feeding untreated and pasteurized waste milk and bulk milk to calves: effects on calf performance, health status and antibiotic resistance of faecal bacteria. Journal of animal physiology and animal nutrition, v. 97, n. 6, p. 1091-1103, 2013.


Texto Completo: PDF

ISSN 2179-1589

PUBLICAÇÕES UNIVERSO