REVISTA DE TRABALHOS ACADÊMICOS – CENTRO UNIVERSO JUIZ DE FORA, No 17 (2023)

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PAPEL DO NUTRICIONISTA NA CONSCIENTIZAÇÃO DA POPULAÇÃO SOBRE OS RISCOS DA BANALIZAÇÃO DO USO DE NOVOS MEDICAMENTOS ANTIOBESIDADE

Juliane Marques Felicissimo, Marcela Melquíades de Melo

Resumo


Introdução: A obesidade ganhou proporções epidêmicas nas últimas décadas e seu tratamento é de longe um dos mais complexos em termos de efetividade. Isto porque, para além dos desafios da perda ponderal per se, a fase de manutenção do peso atual a longo prazo pressupõe a adesão sustentada a um novo estilo de vida, frente aos mecanismos contrarregulatórios próprios do organismo ao emagrecimento e na contramão do ambiente obesogênico da atualidade. Em contrapartida, a promessa de atalhar este processo pelo uso de medicamentos antiobesidade incrementa esta complexidade pelo risco da banalização do emagrecimento, o que reforça ainda mais a importância da contribuição da nutrição enquanto estratégia de enfretamento deste problema de saúde pública [1, 2, 3] Objetivos: Discutir o papel do nutricionista no tratamento da obesidade na contramão da emergência do uso indiscriminado dos análogos do peptídeo 1 semelhante ao glucagon (GLP-1). Metodologia: Na presente revisão narrativa da literatura, foram consultadas as bases de dados Scielo, Google Acadêmico, Medscape e sites governamentais, utilizando os seguintes descritores nos idiomas português e inglês: uso indiscriminado de análogos de GLP-1, tirzepatida, semaglutida, liraglutida e obesidade. Os critérios de inclusão compreenderam a abordagem direta do tema e disponibilidade física ou eletrônica, sendo considerados estudos originais e de revisão, publicados entre 2022 a 2023. Foram excluídos estudos publicados fora do período estabelecido e estudos que não estavam diretamente relacionados ao tema.[jf1]  Resultados/Discussão: Destaque nas mídias digitais, o engajamento para estratégias milagrosas de emagrecimento revela o quanto a população carece de conscientização sobre a multidisciplinaridade que deve envolver o tratamento da obesidade, bem como, o caráter crônico de seu seguimento [1]. Aliado a isto, o incremento dos análogos de GLP-1 no arsenal terapêutico antiobesidade, com resultados promissores a curto/médio prazo, reforça ainda mais esse senso comum, sinalizando o risco de serem protagonistas e não adjuvantes (“a uma dieta hipocalórica e exercício físico aumentado para controle ponderal”), como aprovado pela agência regulatória. Ademais, a indicação para indivíduos com sobrepeso relaciona-se ao índice de massa corpórea, o qual deve ser maior ou igual a 27 kg/m2 na presença de pelo menos uma comorbidade relacionada ao peso [3, 4, 5, 6]. Neste cenário, cabe destacar o reganho de peso como um risco real da banalização e uso irracional destes medicamentos, uma vez que o indivíduo tende a não manter uma mudança de estilo de vida saudável, o qual deve ser o cerne do tratamento da obesidade. Destarte, a nutrição é desafiada a reformular estratégias de enfrentamento para aquisição e manutenção de hábitos alimentares saudáveis frente ao ambiente físico, econômico, social e cultural que reforça os moldes de um consumo alimentar inadequado, cabendo ao profissional se atentar para o acolhimento deste tipo de demanda a nível individual e coletivo [7].  Conclusão: A obesidade é uma condição multifatorial que requer uma abordagem centrada na mudança de estilo de vida, de forma crônica e sustentável, e esta conscientização deve estar presente na narrativa das políticas de saúde coletiva e nas dos profissionais apensos, com destaque ao nutricionista.


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ISSN 2179-1589

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