REVISTA DE TRABALHOS ACADÊMICOS – CENTRO UNIVERSO JUIZ DE FORA, No 7

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TRANSIÇÃO CAPILAR: DO LISO AO CACHEADO E SE LIBERTANDO DAS QUÍMICAS

Daiane Souza SENRA, Aline Medeiros Coutinho, Sonia Maria de Souza

Resumo


Introdução: O termo transição capilar é utilizado quando uma pessoa que passou por algum procedimento químico nos fios está esperando a parte natural do cabelo crescer, ou seja, quando o cabelo está com duas texturas: uma alisada e outra natural, em mudança da forma capilar, da química para o natural. Há um grupo, fundado em 24 de dezembro do ano de 2012, que possui cerca de vinte e cinco mil membros interagindo numa comunidade virtual, cujo interesse principal é a libertação capilar do uso das químicas, especialmente aquelas cuja função é alisar os cabelos crespos. Esse grupo aceita pessoas que se interessam por cabelos cacheados de forma geral, sendo eles naturais relaxados ou em processo de transição. Objetivo: Analisar e compreender o movimento social dos cabelos afro e o discurso que o sustenta como uma prática social de luta por significação. Metodologia: Realizou-se um levantamento em livros, revistas, artigos científicos e anais de congressos nacionais e internacionais que abordam o tema. Resultados/Discussão: As mulheres quando se propuseram a assumir suas identidades, o fizeram a partir da negação das químicas que usavam para alisar os cabelos na tentativa de se encaixar em categorias esteticamente aceitáveis pela maioria. Ao se assumirem como são estão dizendo para a sociedade que as rejeita que elas não aceitam mais essa imposição de um único padrão estético, que estão buscando conhecer sua história e suas origens e irão enfrentar o preconceito étnico de cabeça erguida. Esse movimento vem ganhando cada vez mais visibilidade por meio da mídia dominante, elitizada e branca, o que possibilita ser construído um conceito de que quem assume os cabelos crespos, usa black power pode também ter um espaço na moda atual. É a reconstrução da autoestima pautada na real história e cultura dos povos africanos. Conclusão: É notório que os cabelos crespos, cacheados e black power ainda são descriminados e pouco aceitos pela sociedade. O que as mulheres que já passaram ou estão passando pela transição capilar querem é mostrar que alisar os cabelos pode significar embranquecimento ou a perda da identidade. Elas querem se libertar dos preconceitos sofridos e perpetuados desde a infância por causa de seus cabelos crespos, sua estrutura, textura, aspecto visual e aceitação na sociedade.


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ISSN 2179-1589

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