Introdução: A insuficiência cardíaca (IC) ocorre quando o coração não é mais capaz de fornecer ao corpo a quantidade necessária de sangue, ou seja, quando perde a capacidade de bombeá-lo para atender às necessidades metabólicas dos tecidos. Se presentes, os sintomas associados à IC que podem ocorrer em cães incluem tosse, dificuldade para respirar, intolerância a exercícios, falta de energia, diminuição do apetite, perda de peso e desmaios. Geralmente, a IC afeta animais de meia-idade e idosos e é causada pela interação fisiopatológica entre o coração e os sistemas endócrino e vascular. As doenças cardíacas mais comuns que causam IC são a doença valvar mitral mixomatosa (MMVD) e a cardiomiopatia dilatada (DMC). O objetivo do presente trabalho é relatar um caso de insuficiência cardíaca em um cão de porte pequeno e SRD acompanhado pelos estudantes Luiza Rodrigues Da Silva Amaral e Valsi Silva Almeida, junto à Medica Veterinária Autônoma Dra. Mayara Assis. Resultados/Discussão: No dia 24/04/20, deu entrada à uma consulta com a Dra. Mayara Assis, um cão de porte pequeno, SRD, de nove anos de idade, com peso de 5,2 kg. O proprietário relatou que há 3 meses e de forma progressiva, o animal começou a apresentar tosse seca, dificuldade respiratória, intolerância a exercícios, falta de energia, diminuição do apetite, emagrecimento e aumento da circunferência abdominal. Informou que ainda não havia medicado o animal e nem levado a nenhum acompanhamento veterinário referente a esses relatos apresentados. O animal estava bebendo água e urinando normalmente. Devido à idade, porte, sexo e sintomatologia clínica presentes nesse animal, foi sugerido um diagnóstico provisório com radiografia torácica. Ao exame clínico, o traçado radiográfico denotou aumento da pressão venosa pulmonar, as veias pulmonares, com o desenvolvimento de edema pulmonar. Após a radiografia torácica foi solicitado exame ecocardiográfico para se obter um diagnóstico definitivo da doença. No exame ecocardiográfico, constatou-se aumento significativo do átrio esquerdo, significando edema pulmonar, aumento ventricular esquerdo, e alterações no enchimento ventricular esquerdo que refletem o aumento da pressão atrial esquerda e, consequentemente, aumento da pressão venosa pulmonar. Foi iniciado o tratamento de insuficiência cardíaca sintomática com maleato de Enalapril (inibidor de ECA) com a dosagem de 0,5 mg/Kg de peso vivo, a cada 12 horas, por 21 dias, com objetivo de avaliar sua eficácia. Foi informado ao tutor os possíveis efeitos adversos provenientes do tratamento, como vômitos, diarreia e anorexia. Foi feito o monitoramento semanal do animal durante os 21 dias em relação a pressão arterial e níveis de eletrólitos séricos. Foi verificado que após os 21 dias de uso de Enalapril, o cão não apresentou nenhum efeito adverso e sua pressão se manteve normalizada com pressão arterial sistólica (PAS) a 118 mmHg e pressão arterial diastólica (PAD) a 81 mmHg. Os níveis de eletrólitos séricos se mantiveram dentro do padrão (sódio: 146 mmol/L; potássio: 4,2 mmol/L; cálcio total: 2,8 mmol/L; cálcio ionizado: 5,1mEq/L; cloro: 122mmol/L). O cão também apresentou redução na pressão pulmonar com 26 mmHg durante a sístole e 11 mmHg na diástole, frequência cardíaca entre 132 bpm e 140 bpm, pressão arterial sistólica (PAS) entre 114 mmHg e pressão arterial diástólica (PAD) a 78 mmHg após 21 dias de tratamento. Conclusão: A conclusão principal deste estudo foi que após o uso do Enalapril, foi observado uma melhora na tolerância aos exercícios, respiração menos ofegante aumento de seu apetite e diminuição da circunferência abdominal, possibilitando assim, o aumento da expectativa de vida do animal. O cão vem seguindo uma alimentação controlada feita com a ração específica para cães cardiopatas, que tem principalmente o sódio controlado para que não ocorra hipertensão. O mesmo segue em tratamento medicamentoso com maleato de enalapril seguindo a dosagem de 0,5 mg/Kg de peso vivo, a cada 12 horas e com avaliação veterinária a cada 3 meses.