SAÚDE MENTAL EM GESTANTES DE ALTO RISCO NO CONTEXTO DA PANDEMIA
Resumo
Introdução: A gestação é marcada por uma fase com diversas alterações fisiológicas, hormonais, psíquicas e de inserção social comuns, mas com o passar dos anos com as infestações dos vírus MERS-Cov, H1N1 e o recente SARS-CoV-2, esse público apresentou outras complicações incomuns durante esse período, tais como: dispneia, febre e tosse (ESTRELA et al., 2020). Assim, devido aos possíveis desfechos negativos observados pela contaminação em gestantes, estas foram incluídas ao grupo de risco da Covid-19, reforçando a importância de monitoração e acompanhamento dessas mulheres (ORGANIZAÇÃO PAN AMERICANA DE SAÚDE, 2020). Além das alterações fisiológicas observadas durante a gestação, neste período, as mulheres vivenciam mudanças hormonais, familiares e sociais que podem afetar o seu estado emocional, de modo que é comum perceber sentimentos intensificados e emoções como a ansiedade, o medo e a insegurança (MARQUES & SOUZA, 2019; PICCININI et al., 2008). Sabendo que, segundo a OMS, o sofrimento mental em mulheres é maior em relação a população de homens, sendo transtornos depressivos, somatoformes e ansiedade, a gestação e o puerpério são fatores de risco para a evolução de agravos mentais e grandes mudanças, devido às alterações físicas, hormonais e psíquicas, vivenciadas nesse período (COSTA et al., 2018). Objetivos: O trabalho objetiva identificar a percepção de gestantes sobre o seu estado de saúde mental ao longo do cuidado pré-natal. Metodologia: Foram entrevistadas 16 gestantes atendidas por um serviço público de pré-natal de alto risco no município de Juiz de Fora-MG. Os dados foram analisados por Análise de Conteúdo (BARDIN, 2016). Resultados/Discussão: O relato das mulheres abarcou temas como: preocupações com o parto, pós-parto, aspectos socioeconômicos, apreensões com a pandemia, questões psicológicas, agravos na saúde materna e fetal. Com relação à saúde mental, pode-se perceber assuntos como pensamentos invasivos, emoções desagradáveis e falta de apoio social; como no relato da Entrevistada 01: “[...] eu estava chorando muito. [...] na cabeça da gente, na minha por exemplo, esses dias todos pra trás, eu tava começando a achar que eu tava entrando numa depressão, com medo de como vai ser o parto, por eu estar acima do peso, da diabetes gestacional, a minha pressão, o coronavírus tá acabando comigo com isso. [...] aí eu fico pensando um monte de coisa”. Já no que se refere a saúde mental no pré-natal no contexto da pandemia, observou-se que os aspectos socioeconômicos, tais como a infraestrutura e distribuição dos serviços de saúde, e ainda a situação financeira da gestante, apresentaram-se como a dificuldade prevalente entre as participantes, como observado no relato da Entrevistada 08: “É complicado, porque teve uma época que eu fiquei sem trabalhar. Aí eu fiquei meio enrolada no serviço, aí não recebia. [...] Sozinha fica complicado”. Conclusão: Tendo em vista o medo comumente observado pelas gestantes frente às dificuldades que possam ocorrer durante o período gestacional, aliado à possibilidade de contágio do vírus covid-19, a saúde mental também tem sido um problema significativo para essas mulheres.
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