REVISTA DE TRABALHOS ACADÊMICOS – CENTRO UNIVERSO JUIZ DE FORA, No 13 (2021)

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DERMATITE TROFOALÉRGICA EM CÃO DA RAÇA MALTÊS - RELATO DE CASO

Juliana França Monteiro de Mendonça, Luiza Rodrigues da Silva Amaral

Resumo


Introdução: A dermatite trofoalérgica, hipersensibilidade alimentar ou, simplesmente, alergia alimentar, é a terceira doença cutânea alérgica mais comum em clínicas de pequenos animais. O principal sintoma clínico é prurido, que pode afetar qualquer parte do corpo. É muito comum em cães com menos de um ano de idade independente da raça  e sexo, embora certas raças de cães sejam mais afetadas. O diagnóstico final é realizado por meio da exclusão de alimentos e utilização de uma dieta caseira contendo fontes de proteína crua ou uma dieta comercial baseada em fontes de proteína de soja hidrolisada. A confirmação é obtida por meio da reexposição à irritação, que pode levar à recorrência dos sintomas clínicos das dermatoses. O objetivo deste trabalho é relatar o estudo de caso de um cão da raçã maltês de 1 ano e 5 meses de idade que começou a apresentar  pele oleosa e sintomas cutâneos cujo diagnóstico final foi de dermatite trofoalérgica. Resultados/Discussão: No dia 15/07/21 deu entrada à uma consulta dermatológica , um cão da raça Maltês de 1 ano e 5 meses, com peso de 3,4 kg, cujo proprietário relatou que haviam 2 semanas em que o animal apresentava falhas em seu pelo, prurido moderado a intenso e “feridas” ao longo do corpo. O paciente foi, então, submetido a exames dermatológicos básicos. A cultura fúngica foi negativa. Não havia reflexo otopodal. O raspado cutâneo e teste da fita de acetato foi negativo para ácaros. O exame citológico das pústulas revelou inflamação piogranulomatosa, com intensa fagocitose de bactérias cocóides. Foi então recomendado vermifugação e  uso da cefalexina 20mg/kg/ BID por 15 dias. Em 12 dias, o paciente retornou, ainda com prurido e pústulas ao longo do dorso e abdômen. Foram realizados novos raspados cutâneos, e citologia pustular,ambos negativos para ácaros. Na citologia, ainda persistia a inflamação piogranulomatosa e presença de bactérias cocóides em quantidade moderada. Foi estendida a antibioticoterapia por mais 15 dias, prescrito banhos semanais com peróxido de benzoíla a 2%, hidratação cutânea com produto veterinário a base de óleo de macadâmia, ceramidas e combinação de silicones duas vezes por semana, e ivermectina oral 0,3mg/kg a cada 7 dias por 30 dias, para exclusão de escabiose. Concluindo-se 30 dias de exclusão dietética, o paciente apresentou melhora parcial do quadro e com 60 dias, houve remissão de 100% do quadro cutâneo e prurido. Após 60 dias, foi tentada reexposição com ração utilizada anteriormente, resultando em novo quadro de alopecia e prurido. Foi inserida novamente a ração de proteína hidrolisada e o paciente permanece atualmente estável do quadro dermatológico conforme última avaliação realizada no dia 03/09/21. Conclusão: A dermatite trofoalérgica é uma alergopatia comum em cães que é frequentemente manifestada em animais com menos de um ano de idade. Pode ocorrer em animais muito jovens, sobretudo os que sofreram desmame precoce, e deve-se suspeitar da doença no filhote assim que excluídas as demais dermatopatias mais comuns desta faixa de idade, unindo-se à persistência de prurido e piodermite recorrente. O alimento de eleição para a exclusão dietética é a dieta caseira com fonte de proteína original, porém, a dieta comercial a base de proteína hidrolisada apresenta uma alternativa fácil e eficaz para diagnóstico da doença.


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ISSN 2179-1589

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