REVISTA ACADÊMICA UNIVERSO SALVADOR, Vol. 3, No 6 (2017)

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ENSAIO SOBRE A EXPERIÊNCIA ESTÉTICA DAS OBRAS LITERÁRIAS: ANTÍGONA, DE SÓFOCLES; AS NUVENS, DE ARISTÓFANES, E PROTÁGORAS, DE PLATÃO.

Adriana Fernandes Sousa, Jeferson Aragão Jesus

Resumo


Segundo a doutrina majoritária, a filosofia encumbe-se de estudar os problemas fundamentais relacionados à existência, ao conhecimento, e sobretudo sobre os valores morais, éticos e racionais ligados ao homem, tomando como ferramenta a linguagem. Dentro do que seria o âmago da iquietude humana surgiu a estética, palavra de origem grega que significa sensação, percepção e está relacionada ao estudo da natureza da beleza, e sobretudo dos fundamentos da arte. O objetivo deste trabalho é discorrer um pouco sobre as obras gregas Antígona, As Nuvens e Protágoras.

A filosofia grega é a pedra angular da sociedade ocidental, estando presente e influenciado as mais diversas áreas, desde a Linguagem, a Matemática, as Ciências Naturais e o Direito. Ela pode ser dividida em pré-socrática, socrática e helenística. As obras que aqui serão abordadas são do período socrático, que também ficou conhecido como período dos sofistas. Antígona, escrita por Sófocles, é uma tragédia grega que narra a história da personagem homônima do título, filha do casamento incestuoso de Jocasta e Édipo. A sensação que a obra passa é de insatisfação, muitas vezes rodeada por um sentimento de culpa. A narrativa é inciada com um diálogo entre Antígona e Ismena, sua irmã, sobre a maldição que a linhagem de Édipo carrega consigo, amaldiçoada eternamente por Zeus. Ao desenrolar da trama, percebemos a indignaçao da protagonista, uma vez que a mesma não aceita o destino cruel que o corpo de seu irmão Polinice, morto pelo também irmão Etéocles. Vemos aqui os primódios do que seria um questionamento moral, diante de uma atitude considerada injusta e arbitrária.

 As Nuvens, de Aristófanes, é escrita em forma de comédia grega, uma variação da tragédia, que tem o intuito de fazer uma crítica a determinado assunto. O alvo da obra são os sofistas, e aqui o autor também segue no campo do estudo da moral, criticando a moral e ética proposta pelos sofistas, como também fazendo escárnio da retórica e conteúdo dos mesmos. O diálogo de Fidípides e Estrepsíades é um dos pontos fortes da obra, bem como a argumentação entre o Justo e o Injusto, sendo o Injusto tido como vencedor, e mostrando a fragilidade de tomar decisões levando-se em conta apenas a estrutura lógica e na retórica das proposições e não de fato o conteúdo.

Por fim, temos Protágoras, um diálogo escrito por Platão, que tem como objetivo geral debater o conceito de virtude. Mais uma vez, nota-se a preucupação da filosofia grega em construir um senso de valores e um conceito de ética e moral, embasados na condição humana de discernir o certo e o errado, o bem e o mal. O cerne da história está no debate entre Sócrates, Hipócrates e Protágoras, cada um justificando seu ponto de vista acerca da virtude, se seria possível ou ensinar tal valor a outra pessoa. A grande sacada da obra é justamente o seu desfecho, pois os debatedores tentam definir conceitos fundamentais através do viés da ignorância.




ISSN 2179-1589

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