REVISTA DE TRABALHOS ACADÊMICOS-CAMPUS NITERÓI, 2018

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MARIA GRAHAM: A VOZ FEMININA E ESTRANGEIRA DA VIAJANTE, EM BUSCA DE UMA ESCRITA HISTÓRICA.

Denise Maria Couto Gomes Porto

Resumo


Neste artigo, investigamos as representações da cena política e aspectos da vida urbana da cidade do Rio de Janeiro, na pluralidade narrativa da fonte Diário de uma Viagem ao Brasil (Graham,1990), de autoria da escritora e viajante inglesa Maria Graham, no recorte temporal dos anos de 1821 a 1822. O idílico cenário carioca, há muito povoava a fantasia dos viajantes europeus, ávidos por aventuras nos exóticos trópicos Sul-Americanos. A aproximação imaginária de territórios tão distantes, foi possível, contudo, a partir do aumento da circulação na Europa no início do século XIX, das edições ilustradas dos relatos de viagens. Tais publicações, como diários, cartas e livros de memórias, destinavam-se a leitores interessados sobre as características geográficas e etnográficas locais, dos novos destinos possíveis. Quando chegou às terras brasileiras, aos 36 anos, Mrs. Graham já era famosa na Inglaterra por ser autora de 12 livros de viagens, além de notável pintora. Nossa hipótese é que a escritora, contrariando a narrativa da maioria dos viajantes que esteve no Brasil ao longo século XIX, nutriu grande interesse na escrita histórica de cunho intencionalmente documental, sobre os movimentos revolucionários que estavam em curso no Rio de Janeiro. Ademais, constatamos que o viés político fortemente identificado na narrativa da escritora, foi nuançado pela alteridade de seu olhar crítico sobre as peculiaridades identitárias do povo, dos costumes e da paisagem local. Nesta perspectiva, sublinhamos que Maria Graham documentou os fatos, a partir de diferentes lugares de observações; ora assumindo uma posição privilegiada e influente, como esposa que era, do capitão de um navio de guerra inglês. Em outros momentos, como mediadora de tratativas políticas pacificadoras em terra firme, ou ainda, a encontramos passando-se por uma expectadora anônima, atenta ao complexo universo daquele cotidiano social e urbano. Propomos aqui, analisar a fonte segundo estes distintos lugares de construção da escrita da autora. Para tanto, problematizamos quais foram estes locais, e como eles interferiram nas formas de sentir e descrever o que viu. Importa-nos sobretudo, examinar as conexões entre estes pontos privilegiados de observações e suas interposições sobre as diferentes vozes narrativas da escritora.

Palavras-chave: Maria Graham; Escrita Histórica; Rio de Janeiro.

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ISSN 2179-1589
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