O presente artigo é um extrato de um dos capítulos da tese intitulada “A Era Urutu: a memória militar sobre a greve na CSN (1988)”. Em agosto de 1987 o Sindicato dos Metalúrgicos de Volta Redonda (SMVR) atendeu ao chamamento da CUT pela Greve geral; um protesto contra o (des) governo Sarney e os nefastos resultados econômicos ocasionados pelo Plano Bresser. Ativistas sindicais e diretores da entidade adentraram as instalações da CSN – Companhia Siderúrgica Nacional – e paralisaram as atividades por meio de uma técnica denominada “arrastão”, onde grupos de trabalhadores se deslocavam pelos setores da empresa forçando o desligamento dos maquinários e a adesão de outros operários ao movimento. Nessa ocasião, as tropas do 22º Batalhão de Infantaria Motorizado, localizado em Barra Mansa, foram mobilizadas e novamente ocuparam a usina, colocando para fora os grevistas. No entanto, diferentemente das duas vezes anteriores, essa ocupação teve várias ameaças de violência física contra trabalhadores que se negavam a aderir ao movimento e o apedrejamento das tropas militares, por ativistas sindicais e operários. A frágil linha divisória que separava o respeito à autoridade do uso da violência física entre as partes, foi então, rompida. Escancarou-se, assim, a antessala dos eventos traumáticos da greve de novembro de 1988.

Palavras-Chave: Greve geral de 1987; arrastão; Sindicato dos Metalúrgicos de Volta Redonda.