REVISTA DE TRABALHOS ACADÊMICOS UNIVERSO – SÃO GONÇALO, Nº 1 – TRABALHOS ACADÊMICOS UNIVERSO – SÃO GONÇALO 2016

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USO DE ANTI-INFLAMATÓRIO NÃO ESTEROIDAL POR PACIENTES HIPERTENSOS

Verônica de Abreu Guerra, Cláudi Cirne-Santos

Resumo


Os anti-inflamatórios não esteroides estão entre os mais prescritos do mundo, estando eles relacionados as reações adversas do trato gastrointestinal e cardiovascular. As evidências sobre o aumento do risco cardiovascular com o uso de AINEs são ainda incompletos pela ausência de ensaios randomizados e controlados com poder para avaliar desfechos cardiovasculares relevantes entretanto, os resultados de estudos clínicos prospectivos e de meta analises indicam que os inibidores seletivos da cox 2 exercem importantes efeitos cardiovasculares adversos que incluem aumento do risco de infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral, insuficiência cardíaca, insuficiência renal e hipertensão arterial.(artigo MICHEL) Duas grandes meta análises englobando mais de 90 ensaios clínicos, demostraram que os AINEs podem elevar a pressão arterial (P.A). Em ambas a elevação ocorreu em maior magnitude nos pacientes hipertensos. Na análise de Pope e Cols a indometacina e o naproxeno elevaram a pressão arterial média em 3,59 mmHg e 3,74mmHg respectivamente. O piroxicam exerceu aumento negligível 0,49 mmHg da P.A média. O aumento da pressão provocado pelos AINEs associou-se ao declínio significante das concentrações de prostaglandinas e renina. (5). Na meta análise de Jonhson e Cols, os dados mostraram que os AINEs aumentaram a P.A supina média em cerca de 5,0 mmHg. O piroxicam induziu o aumento mais elevado 6,2 mmHg. Aspirina, sulindac e flubiprofeno apresentaram menor elevação da P.A, indometacina e ibuprofeno exerceram efeitos intermediários(4).O conjunto de dados também mostrou que os AINEs interferem com os efeitos anti-hipertensivos das diversas classes desses agentes, especialmente daquelas cujo mecanismo de ação envolve também a síntese das prostaglandinas vasodilatadoras, como diuréticos, inibidores da enzima conversora de angiotensina e beta bloqueadores dos canais de cálcio e antagonistas dos receptores de angiotensina II sofreram menor interferência dos AINEs e seus efeitos (2) Muitas classes de anti-hipertensivos parecem ser afetadas, incluindo os diuréticos, os beta bloqueadores e as drogas que inibem o sistema renina- angiotensina.(1) A ação anti-inflamatória dos AINEs decorre da inibição da síntese de prostaglandinas, efetuada mediante a inativação das ciclooxigenases constitutiva cox1 e induzível cox 2. A primeira é responsável pelos efeitos fisiológicos das prostaglandinas em sítios gástricos e renais e a segunda surge nos locais de inflamação. Os AINEs podem ser seletivos ou não para cox 2. (Anotações). A prostaglandina tem importante papel na resposta inflamatória atuando em diferentes etapas da mesma. São também importantes fisiologicamente na modulação da dilatação vascular renal e sistêmica, da filtração glomerular, secreção tubular de sódio e água, da transmissão adrenérgica, do sistema renina-angiotensina-aldosterona e são protetoras da mucosa gástrica. Portanto a inibição de sua formação pode levar a diversos efeitos colaterais, como dano a mucosa gástrica, diminuição da função renal, hipertensão arterial e outros. (6) O principal mecanismo de ação dos AINEs ocorre através da inibição especifica da cox e consequentemente redução da conversão do ácido araquidônico em prostaglandinas. Reações mediadas pela ciclooxigenases a partir do ácido araquidonico produzem PGG2 que sob ação das peroxidases forma PGH2, sendo então convertida às prostaglandinas, prostaciclinas e tromboxanos. (7,8) a prostaglandina tem ação vasodilatadora. A PGD2 é liberada de mastócitos ativados por estímulos alérgicos ou outros. A PGE2 inibe a ação de linfócitos e outras células que participam das respostas alérgicas ou anti-inflamatórias. A prostaglandina I2 (prostaciclina) predomina no endotélio vascular e atua causando vasodilatação e inibição da adesividade plaquetária. O tromboxano, predominante nas plaquetas, causa efeitos contrários como vasoconstrição e agregação plaquetária (7, 9) Efeitos fisiológicos das prostaglandinas (AINEs - 1ª parte. Fonte Giorgi RDN, Temas em Reumatologia 2005; 55-8). Como a grande maioria da população sofre de problemas articulares e hipertensão sendo uma parte dela idosos, seriam necessários estudos em função de uma terapia especial para esses pacientes. Como os AINEs são uma classe de medicamentos sem controle especial e muitos têm fácil acesso ao medicamento, uma campanha de conscientização para o uso correto do medicamento e uma cartilha alertando em especial os hipertensos para os danos causados pelo uso crônico.

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ISSN 2179-1589

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