REVISTA DE TRABALHOS ACADÊMICOS – UNIVERSO BELO HORIZONTE, Vol. 1, No 7 (2022)

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RESENHA DO ARTIGO “TRAUMATISMO BUCOMAXILOFACIAL NO BRASIL: UMA REVISÃO INTEGRATIVA”

Joseanne Silveira Martins Rocha, Flávia Leite Lima

Resumo


Na rotina clinica dos grandes hospitais referências em tratamentos de urgências e emergências, uma das condições clínicas mais prevalentes e um dos grandes focos da Saúde Pública é o trauma bucomaxilofacial. Visto isso, é evidente a necessidade de que os cirurgiões dentistas se mantenham atualizados no que concerne as evidências científicas atuais a respeito do trauma a fim de subsidiar políticas públicas voltadas para controle e prevenção de traumas. Com isso em vista, o presente artigo foi escolhido. Este apresentou como objetivo geral traçar um perfil epidemiológico de vítimas de traumas bucomaxilofaciais. Para tal, foi realizado uma revisão integrativa sobre o perfil das pacientes vítimas de traumatismo da região de cabeça e pescoço atendidos em hospitais de referência no Brasil. Tomou-se como referência o período de 2016 a 2021. A coleta de dados foi realizada nas bases da BVS e do PubMed em setembro de 2021 a partir dos descritores controlados (palavras-chave de cada base de dados). Os descritores utilizados para a seleção dos artigos na BVS foram: “Traumatismos Faciais”; “Fraturas Ósseas”, “Perfil Epidemiológico”, ligados entre si pelo operador booleano “AND” e agrupados para garantir maior especificidade à pesquisa. Para a seleção de artigos no PUBMED utilizou-se os descritores relacionados entre si pelo operador booleano “AND” sendo eles: “Facial Trauma”; “Bone Fractures”; “Epidemiological Profile”. Essa estratégia de busca gerou uma amostra de 21 artigos, a partir dos quais, foram selecionados 6 para serem analisados na íntegra. A literatura analisada revelou que desde a implantação da Política Nacional de Redução da Morbimortalidade por Acidentes e Violências, o Brasil teve vários avanços para minimizar os danos sociais decorrentes das causas externas. Contudo, reconhece-se que é necessário um investimento continuo já que essa fatalidade permanece sendo como uma das ocorrências mais prevalentes nos hospitais. Observou-se também que o traumatismo oral e maxilofacial podem ser categorizados em lesões dos tecidos moles e lesões dentoalveolares, enquanto as fraturas mandibulares são classificadas conforme localização do trauma. As fraturas do complexo mandibular ocorrem com elevada frequência, causando edemas, luxação, mobilidade óssea, hemorragias, dentre outros sinais e sintomas identificados no contexto das emergências. De forma geral, a faixa etária mais acometida é de adultos jovens (aproximadamente 30 anos), que sofreram traumas faciais decorrentes de violência interpessoal e acidentes de trânsito, sendo a maioria associada ao uso de álcool e substâncias ilícitas. Confirmando tal tendência, um dos estudos incluídos evidenciou que o maior número de pacientes vítimas de traumas hospitalizados ocorre nos dias de sexta, sábado e domingo (dias de maior número de eventos festivos e de lazer). Reforçando ainda mais essa teoria é importante destacar o fato de a maior incidência de traumas é no período das férias escolares (momento em que ocorrem a maioria das viagens e atividades extracurriculares). A literatura evidenciou também que os traumatismos faciais ocasionados por agressão física contra a mulher têm aumentado nos últimos anos (sobretudo no período da pandemia, como apontam outros estudos), deixando sequelas físicas e psicológicas nas vítimas. Assim como as mulheres, foi apontado que os policiais e os idosos são parcelas da população predispostas ao trauma. Os primeiros pelo fato de reagirem a assaltos ou serem expostos a situações de risco e os segundos por estarem mais sujeitos a quebras da própria altura. Considerando o tipo de fratura, os artigos analisados apontaram que a maior parte das fraturas faciais são fraturas mandibulares (causadas em sua maioria por acidentes automobilísticos, principalmente motocicletas), prosseguidas de fraturas de osso zigomático (causadas em sua maioria por agressões interpessoais) e por fraturas múltiplas da face. Cabe ressaltar que no caso dos acidentes envolvendo motos, a maioria dos condutores estava em regiões interiores do estado, não usavam capacete, não possuíam habilitação e haviam ingerido bebidas alcoólicas. Do ponto de vista da saúde pública, para aqueles que sobrevivem, os traumas faciais decorrentes de causas externas representam um custo elevado com internações hospitalares. Nesse contexto, a partir da leitura desse artigo, é possível determinar mais um campo de atuação do dentista. Isto é, é evidente a importância desse profissional em orientar seus pacientes no que diz respeito ao cuidado e prevenção de traumas na região de cabeça e pescoço. Além disso, o profissional de saúde bucal pode ser um fomentador de políticas públicas destinadas a diminuição de traumatismo bucomaxilofacial no Brasil. Algumas das medidas para tal que podem ser citadas incluem melhor pavimentação das vias, maior acesso a autoescola (para diminuição do número de acidentes), mais orientações destinadas as mulheres que vivem em relacionamentos abusivos (para diminuição de casos de agressão física contra a mulheres) e cuidados com idosos (para diminuição de traumas por queda da própria altura).

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ISSN 2179-1589

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