Este trabalho objetivou pesquisar um sofrimento mental grave e entender o funcionamento dos dispositivos da Rede de Atenção Psicossocial de Belo Horizonte (RAPS BH). Trata-se de um relato de experiência de trabalho acadêmico desenvolvido durante o segundo período do curso de Enfermagem no Centro Universo Belo Horizonte, durante o 1º semestre de 2023. Historicamente, o tratamento para doença mental envolvia a reclusão das pessoas em instituições de isolamento, os manicômios, sendo comum, em muitos deles, situações de maus-tratos e violação de direitos dos pacientes. O movimento da luta antimanicomial no Brasil buscou mostrar que é possível cuidar em liberdade, alcançando importantes transformações nas políticas públicas de atenção à saúde mental e avanços normativos e assistenciais. No que diz respeito a questão da saúde, é preciso levar em conta que, ao se receber cuidados em saúde, devem ser consideradas as dimensões biológica, psíquica e social dos indivíduos. Apesar desses avanços, nos tempos atuais com a RAPS e na compreensão da saúde mental, a exclusão ainda ocorre pela forma com que a sociedade lida com o assunto, que gera, muitas vezes, seu afastamento do meio social - estigmatizando. O preconceito ocasiona um duplo sofrimento, pois além de lidar com as dificuldades decorrentes da doença, a pessoa que convive com um transtorno psíquico precisa enfrentar as barreiras da discriminação. Verificou-se que as ações da RAPS-BH norteiam-se pelas concepções antimanicomiais do cuidado em liberdade e da cidadania, da territorialização do cuidado e do acolhimento como ferramenta de trabalho, além da integralidade como diretriz de suas ações, com base na compreensão de seus serviços como parte integrante do Sistema Único de Saúde. Desse modo, é relevante mencionar, que estas ações estão diretamente focadas nos direitos humanos dos usuários atendidos, com o cuidado em rede, em liberdade e fortalecer os dispositivos da RAPS.