REVISTA DE TRABALHOS ACADÊMICOS – UNIVERSO BELO HORIZONTE, Vol. 1, No 2 (2017)

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Breve olhar sobre a gestão da diversidade nas empresas brasileiras

Sirlene Ferreira Paes, Alessandra Berbert Ferreira, Cynthia Aliende Domusci

Resumo


A palavra diversidade nos remete a alguns significados possíveis: diferença, multiplicidade, pluralidade, dentre outros. No caso da sociedade brasileira, quando falamos em diversidade, automaticamente pensamos nas diversas etnias aqui presentes, na multiplicidade de culturas, tradições, pensamentos, crenças religiosas, comportamentos, condição econômica, dentre inúmeros outros aspectos. O Brasil é múltiplo e plural nos mais variados sentidos que se queira a ele atribuir.

 

A temática da diversidade também pode nos levar à reflexão acerca das chamadas minorias e como elas são tratadas em nossa sociedade de modo geral. Fazem parte destas minorias as mulheres, os negros, deficientes físicos, comunidade lgbt, indígenas e estrangeiros. Neste sentido, é importante dizer que o termo minoria em nada se relaciona com a questão quantitativa. Diz respeito mais especificamente ao menor acesso destes grupos aos direitos de forma geral. Do ponto de vista legal, a Constituição Federal de 1988 prevê em seu artigo 5º a igualdade de todos perante a lei, no chamado princípio da isonomia. No entanto, do ponto de vista prático, sabe-se que a realidade diverge em muito do que está prescrito e assegurado pela legislação maior brasileira.

 

Cotidianamente assistimos, ouvimos e presenciamos muitos casos de intolerância e preconceitos variados no país. Com relação ao racismo, por exemplo, por mais que sejamos um povo miscigenado, oriundos de uma verdadeira mistura de raças, a discriminação e a desigualdade racial são parte integrante de uma realidade adversa, fruto de um passado escravocrata, cujos rastros ainda se fazem sentir. As estatísticas a este respeito trazem à tona os baixos índices de escolaridade, subemprego e violência urbana que acometem em maior número os negros do país.

 

A questão de gênero também é ilustrativa da desigualdade citada. Pra falarmos apenas de questões referentes ao mundo do trabalho, a mulher recebe salários menores que os dos homens, mesmo ocupando funções semelhantes. A resistência à presença feminina em alguns cargos também é fato, sobretudo se estes são considerados tipicamente pertencentes ao universo masculino. Ser líder e chefiar empresas então é grande desafio nessa sociedade machista de vestígios patriarcais.

 

Portanto, é lícito pensar que gerir a diversidade dentro do âmbito empresarial não consiste em desafio de menor proporção. Para aqueles que defendem a meritocracia, de certa forma seria um pouco mais fácil lidar com a questão, uma vez que a ascensão profissional seria um mero reflexo da capacidade e habilidade técnica de cada um. Por outro lado, levando-se em consideração a existência dos inúmeros preconceitos sociais citados, os obstáculos podem ser de difícil solução. A gestão esbarraria, assim, na própria descrença dos indivíduos com relação à igualdade de acesso às promoções e ao crescimento profissional, além do fato dos próprios membros da direção serem igualmente frutos desta mesma sociedade discriminatória que, na maior parte das vezes, está alheia ao preconceito do qual está imbuída.

As possibilidades de mudança existem. Mas elas trazem consigo a necessidade de se predispor à conscientização e à consequente ação transformadora, caso exista a crença na probabilidade de se construir uma sociedade cada vez melhor. 




ISSN 2179-1589

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