REVISTA DE TRABALHOS ACADÊMICOS – UNIVERSO BELO HORIZONTE, Vol. 1, No 2 (2017)

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Psicomotricidade na saúde do trabalhador

Bruno Melo, Simone Xavier, Diego Souza, Hudson Pessoa, Tatiane Murça

Resumo


A psicomotricidade na saúde do trabalhador é um tema que precisa ser desmembrado para que possa ser compreendido. Precisamos saber que a psicomotricidade é a ciência que estuda o corpo do homem em movimento e em relação ao seu mundo interno e externo. Está também relacionada com o processo de maturação que envolve o corpo como origem das aquisições evolutivas através da interação com o meio que se vive. A saúde, segundo a OMS, é o bem estar físico, psíquico e social do indivíduo. E o trabalho, segundo (Dubar 1992, 1994), não é exclusivamente transformar um objeto ou situação em alguma coisa, é também transformar a si mesmo em e pelo trabalho. Interessamo-nos aqui, justamente dos saberes profissionais dos professores que atuam no ensino primário e secundário, isto é, dos saberes, pelas relações entre -o tempo, o trabalho e a aprendizagem mobilizados e empregados na prática cotidiana, saberes esses que dela se originam, de uma maneira ou de outra, e que servem para resolver os problemas dos professores em exercício e para dar sentido às situações de trabalho que lhes são próprias.De fato, as experiências formadoras vividas na família e na escola ocorrem antes mesmo que a pessoa tenha desenvolvido um aparelho cognitivo aprimorado para nomear e qualificar o que ela retém dessas experiências. Além de marcadores afetivos globais conservados sob a forma de preferências ou de repulsões, a pessoa dispõe, antes de mais nada, de referenciais de tempo e de lugares para indexar e fixar essas experiências na memória. Os vestígios da socialização primária e da socialização escolar do professor ficam, portanto, fortemente marcados por referenciais de ordem temporal. Ao evocar qualidades desejáveis ou indesejáveis que quer encarnar ou evitar como professor, ele se lembrará da personalidade marcante de uma professora do quinto ano, de uma injustiça pessoal vivida na pré-escola ou das intermináveis equações impostas pelo professor de química no fim do segundo grau. A temporalidade estruturou, portanto, a memorização de experiências educativas marcantes para a construção do Eu profissional e constitui o meio privilegiado de chegar a isso. Além do mais, tal como indicam Berger e Luckman (1980), a temporalidade é uma estrutura intrínseca da consciência: ela é coercitiva. Uma seqüência de experiências de vida não pode ser invertida. Não há operação lógica que possa fazer com que se volte ao ponto de partida e com que tudo recomece. A estrutura temporal da consciência proporciona a historicidade que define a situação de uma pessoa em sua vida cotidiana como um todo e lhe permite atribuir, muitas vezes a posteriori, um significado e uma direção à sua própria trajetória de vida. O professor que busca definir seu estilo e negociar, em meio a solicitações múltiplas e contraditórias, formas identitárias aceitáveis para si e para os outros (Dubar 1992, 1994) utilizará referenciais espaço-temporais que considera válidos para alicerçar a legitimidade das certezas experienciais que reivindica. Foram analisadas apenas três amostras onde os fatores relevantes foi o processo de socialização desses profissionais, que abordamos através de entrevista e o tempo de profissão que eles tinham. a observação deles dentro de sala de aula para que pudemos avaliar a forma com que estes professores de socializavam com seus alunos e um teste psicológico em que utilizamos para embasamento a teoria de( Campos 1994) em que ele salienta que o sujeito não desenha apenas o que vê, mas oque ele sente em adição a aquilo que ele vê e como no teste psicológico pedimos aos professores que desenhassem a figura de uma criança, utilizamos também como forma de avaliação a teoria de (Hammer 1991) que defende a idéia de que o desenho da figura humana descreve a percepção mais próxima de si mesmo ou um self ideal que o individuo possui dele com o meio. Observamos que, assim como no artigo utilizado para embasamento teórico, é impossível falarmos de um profissional de docência sem falar e analisar sua trajetória social, formação profissional, inserção na profissão, choque com a realidade, aprendizagem na prática, descoberta de seus limites, negociação com os outros e com certeza avaliar o tempo de profissão etc.) e é graças aos seus recursos pessoais que eles podem encarar esses custos e suportá-los. Concluímos que um professor que não conhece bem suas competências, suas limitações, que não se saiu bem nos primeiros anos de atuação e que ainda não conseguiu superar estas vivências, que não consegue se manter organizado frente a uma classe indisciplinada, que se perde facilmente são profissionais que correm grande risco de desenvolver doenças, no âmbito psíquico e social.




ISSN 2179-1589

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