REVISTA DE TRABALHOS ACADÊMICOS – UNIVERSO BELO HORIZONTE, Vol. 1, No 3 (2018)

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O uso de modelos animais de doenças no desenvolvimento da Doença de Parkinson

Ricardo Motta Pereira, Aline Souza de Moura, Claudemir de Jesus da Cruz, Kafany Moreira Martins, Tatiene Cristina Barbosa Silva

Resumo


Introdução: A doença de Parkinson (DP) é uma doença neurodegenerativa do sistema nervoso central, crônica, progressiva e incurável. Acomete principalmente indivíduos com idade avançada (> 65 anos) e raramente ocorre em crianças ou adolescentes. Na DP fatores ainda pouco conhecidos levam à degeneração dos neurônios da substância negra localizada no mesencéfalo. Esses neurônios são responsáveis pela produção da dopamina cuja diminuição compromete a comunicação entre os aglomerados neuronais que compõem os núcleos da base. Com a evolução da doença são observados sinais como tremor de repouso, alterações posturais, dificuldade para iniciar os movimentos e a lentificação dos mesmos. Além das afecções motoras a DP causa importantes alterações sistêmicas, distúrbios da fala, queda da qualidade do sono, depressão e perda da mímica facial. Na busca pela compreensão da etiologia da DP e por novos tratamentos, o uso de modelos animais de doenças são importantes ferramentas, utilizadas por pesquisadores, cuja a aplicabilidade é discutível na literatura. O conceito de modelos animais de doenças é aquele cujos mecanismos patológicos são suficientemente similares aos observados na doença humana, sendo a doença induzida por meio de procedimentos cirúrgicos ou administração de drogas. O uso de modelos experimentais é de grande valia, contudo estão sujeitos a falhas metodológicas e/ou desaprovação por parte de entidades que regularizam o uso de animais em pesquisa. Objetivo: Analisar o uso de diferentes modelos animais de doenças no desenvolvimento da DP. Metodologia: Tratou-se de uma revisão narrativa da literatura a partir de três artigos originais, publicados nos últimos 5 anos, e indexados nas bases de pesquisa científica: Scielo, Pubmed e Bireme. Resultados e Discussão: Os estudos selecionados foram previamente aprovados por comitês de ética e pesquisa animal e utilizados ratos machos da linhagem Wistar em seus experimentos. Para cada estudo a DP foi induzida farmacologicamente por meio da administração de uma droga diferente, sendo utilizadas: a reserpina, o 1-metil-4-fenil-1,2,3,6-tetrahidropiridina (MPTP) e a 6-hidroxidopamina (6-OHDA). A análise dos resultados mostrou que os três protocolos experimentais obtiveram êxito no desenvolvimento da DP, todavia por mecanismos fisiopatológicos distintos. A administração subcutânea da reserpina (n=20) levou a neurodegeneração dopaminérgica devido a inibição da recaptação da dopamina na fenda sináptica. A administração do MPTP (n=12) e da 6-OHDA (n=8) no mesencéfalo dos animais, por meio de cirurgia estereotáxica, foi eficaz em provocar a degeneração da via nigroestriatal pela diminuição da atividade enzimática da tirosina hidroxilase e aumento da ácido glutâmico descarboxilase, respectivamente. Considerações Finais: O emprego de modelos animais de doenças para o estudo da DP tem possibilitado o avanço dos conhecimentos sobre a neurobiologia dos núcleos da base no controle motor. Apesar disso, pouco se sabe sobre o gatilho do processo degenerativo deflagrador da morte neuronal. Dessa forma, estudos adicionais e o desenvolvimento novos modelos experimentais são fundamentais para a compreensão dos processos neurodegenerativos e do envelhecimento cerebral.

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ISSN 2179-1589

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