Introdução: As exigências físicas e mentais para a execução do trabalho em saúde foram intensificadas durante a pandemia do novo Coronavírus, quando os profissionais mantiveram-se na linha de frente e expostos a diversos riscos ergonômicos. Objetivo: relatar a experiência vivenciada durante o trabalho em uma unidade de terapia intensiva destinada ao tratamento de pacientes com a COVID-19. Métodos: Trata-se de um estudo descritivo, exploratório, do tipo relato de experiência, realizado em hospital filantrópico em Salvador-Ba. O lócus do estudo foi uma Unidade de terapia intensiva adulto destinada ao atendimento de casos confirmados e suspeitos de COVID-19. Adotou-se como referência metodológica a Análise Ergonômica do Trabalho, sendo realizada observação direta no local de trabalho e a experiência relatada é resultado da percepção do observador sobre o seu próprio trabalho e dos demais colegas enfermeiros. Resultados e discussão: A análise da tarefa do enfermeiro detectou manutenção prolongada de postura em pé, risco de acidentes, principalmente com perfurocortantes e contaminação pelo coronavírus, inadequação no uso e tipo de EPIs disponibilizados, falta de treinamento para as equipes de enfermagem e de apoio, estrutura física inadequada, ambiente sem ventilação e com alta temperatura. Na dimensão psíquica, foi observado uma alta exigência cognitiva com tomada de decisões a todo momento e um elevado grau de atenção sobre a tarefa, com margem de manobra limitada e submissão a jornadas prolongadas. Na dimensão coletiva destaca-se a importância da comunicação e da ajuda mútua entre colegas como estratégia principal de contornar as dificuldades. Conclusão: Propõe-se o estabelecimento de um processo de escuta com o intuito de desenvolver melhorias e intervenções no ambiente ocupacional, sendo imprescindível o acompanhamento contínuo das condições de trabalho e saúde do profissional de enfermagem, que se mostram com inúmeras habilidades gerenciais e assistenciais.