REVISTA DE TRABALHOS ACADÊMICOS – UNIVERSO BELO HORIZONTE, Vol. 1, No 5 (2021)

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(Re)inserção social dos moradores de residências terapêuticas em Barbacena

Michaela Katia Santos Gomes, Erica de Fatima Soares, Priscylla Lilliam Knopp Riani

Resumo


As residências terapêuticas destinam-se a prover moradia e facilitar o processo de reinserção social de pessoas com transtorno mental. No entanto, ainda que a implantação dessas casas seja uma realidade do processo de Reforma Psiquiátrica brasileira, observam-se obstáculos em relação à eficácia da ressocialização de seus moradores. Assim, objetivo deste estudo é analisar o processo de reinserção de pessoas com transtorno mental, identificando seus limites. Os métodos empregados foram a observação participante da rotina de três residências terapêuticas da cidade de Barbacena, Minas Gerais e entrevista com roteiro semiestruturado com seus respectivos residentes, profissionais responsáveis e vizinhos do local. A análise dos dados é qualitativa, executada por meio da Hermenêutica-Dialética. As categorias de análise são: ‘Como os residentes se inserem’; ‘Percepção da comunidade sobre os residentes’ e ‘Fatores que interferem na inserção’. A reinserção é limitada à passeios e missas conforme demanda individual, com apenas um caso de integração em ensino superior. Identifica-se que o preconceito sobre os residentes é uma barreira importante para sua inserção social, demonstrando uma associação entre doença mental e periculosidade e entre ‘status’ de residente e comportamento agressivo. A representação de saúde mental que retira o ‘sujeito transgressor da normalidade’ do âmbito comunitário é presente, verificada pelas falas de desconhecimento ou aversão à proposta antimanicomial. O despreparo profissional está presente nestas residências,ainda que em menor intensidade se comparado ao fator preconceito comunitário, mediante relato de desconhecimento técnico para criar e fortalecer meios de participação social entre os residentes. Conclui-se que a sociedade segrega o residente da convivência social, pressupondo que ele não está apto a construir interações produtivas com outros membros da comunidade. Aspecto que precisa ser considerado na rotina de trabalho dos profissionais que atuam nestes locais, sobretudo da equipe de enfermagem.




ISSN 2179-1589

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