REVISTA TRANSDISCIPLINAR UNIVERSO DA SAÚDE, Vol. 3, No 3 (2023)

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UTILIZAÇÃO DO CPAP E BIPAP NA MELHORA DO QUADRO RESPIRATÓRIO NA MIASTENIA GRAVE

Alexsandro da Silva Correia Lima, Mayara Katiuska Silva do Nascimento, Cristiano de Lima Silvestre

Resumo


O presente resumo teve como base um trabalho acadêmico realizado por estudantes do curso de pós-graduação Lato Senso em fisioterapia na terapia intensiva do Centro de Especialização e Aperfeiçoamento Profissional – CFAPP, Recife – PE.O mesmo teve como objetivo Analisar a atuação da fisioterapia respiratória através do uso do CPAP e BIPAP em de portadores da miastenia grave. O estudo teve um enquadramento metodológico tipo transversal, de campo, descritivo, prospectivo, utilizando o método quantitativo, através de questionário submetido a fisioterapeutas que atendem na unidade de Terapia Intensiva em hospitais da cidade do Recife, que tenha mais de cinco anos de experiência na área, As respostas serão medidas em planilha e depois serão verificadas em gráficos com o resultado final. A pergunta norteadora da pesquisa foi: Qual autilidade do CPAP e BIPAP na melhora do quadro respiratório na miastenia grave. A miastenia grave (MG) é uma patologia neurológica autoimune caracterizada por fraqueza muscular causada por um comprometimento de transmissão neuromuscular resultante da ação de anticorpos contra os receptores musculares nicotínicos de acetilcolina (ACh) pós-sinápticos, reduzindo o número de receptores íntegros para a interação com a ACh livre, ocasionando em uma transmissão falha na placa terminal (1,2,3). A crise miastênica é uma da principal complicação da MG caracterizada por fraqueza grave do bulbar e/ou músculos respiratórios, ocasionando alterações ventilatórias podendo variar de uma dispneia leve a moderada até falência respiratória, levando a utilização de vias aéreas artificiais (intubação endotraqueal) ou suporte ventilatório (ventilação mecânica) (1,3,4). O quadro sintomatológico da MG pode apresentar: diplopia, ptose, hipomimia, queda da mandíbula, disparesia, disartria, voz nasal e fraca, disfonia, disfagia, emagrecimento, depressão, distúrbios do sono, fraqueza generalizada e comprometimento respiratório (1,4). Os sintomas de fraqueza e fadiga muscular podem ser exacerbados por atividades repetitivas ou sustentados, infecções, temperaturas dentre outros e podendo melhorar com repouso (9). O comprometimento dos músculos respiratórios é observado em 1-4% dos pacientes miastênicos em fase iniciais, chegando a 60-80% na fase avançada da MG, podendo atingir igualmente os músculos inspiratórios e expiratórios, entretanto, deve-se considerar a importância dos músculos inspiratórios no processo de respiração normal (1).   Durante crise miastênica, a insuficiência respiratória pode ser hipoxêmico, hipercápnico, ou ambos.  A fraqueza muscular em receptores musculares nicotínicos de acetilcolina na MG tende acometer inicialmente os músculos intercostais e acessórios e subsequentemente o diafragma (3). A fraqueza da musculatura respiratória resulta na diminuição da capacidade de expansão da caixa torácica e de insuflação pulmonar, além da complacência pulmonar reduzir aumentando o risco de hipoxemia, interferindo na relação ventilação perfusão e o surgimento de atelectasias, dispneia e fadiga (1,3).  Para amenizar o as limitações respiratórias causadas pela MG a fisioterapia respiratória se utiliza do treinamento muscular respiratório para reduzir a dispneia, retardar as crises respiratórias e fortalecer musculatura respiratória, reduzindo a fadiga comum nestes indivíduos (9). Uma das técnicas utilizada pela fisioterapia é a ventilação mecânica não invasiva (VMNI), por ser um método barato, eficaz e de simples execução nos casos de insuficiência respiratória sem descompensação hemodinâmica (4).  Os ventiladores específicos que utilizam pressão positiva são capazes de gerar pressão nas vias aéreas em níveis constantes tanto na inspiração quanto na expiração, “Continuous positive airwaypressure” (CPAP) ou em dois níveis, um maior na inspiração e outro menor na expiração, “bilevel positive airwaypressure” (BIPAP) (10). O mecanismo de ação da CPAP inclui a elevação da capacidade vital, redução da ventilação minuto, aumento da capacidade residual funcional, proporcionando a redução do efeito shunt, otimizando a saturação arterial, conformidade pulmonar e a diminuição do trabalho respiratório (10). O mecanismo de ação da BIPAP inclui a restauração da oxigenação sanguínea, remove o excesso de dióxido de carbono do sangue, expande as bases pulmonares do paciente e normaliza o trabalho e o padrão respiratório, podendo ser utilizado durante o período diurno e noturno (15). A aplicação da ventilação mecânica não invasiva tem sido utilizado em pacientes com complicações respiratórias, tendo como benefícios a não necessidade de intubação orotraqueal, reduz as complicações relacionadas a indicação da ventilação invasiva, evitar a necessidade de sedação, é de baixo custo e de fácil aplicação e remoção, protege as vias aéreas superiores, produzir conforto ao paciente, baixo índice de mortalidade, previne o trabalho resistivo do tubo e as complicações da intubação, reduz a possibilidade de intubação traqueal e diminui consideravelmente o tempo de permanência na UTI e na unidade hospitalar. Assim, é relevante responder positivamente a pergunta da pesquisa: Quais os benefícios do CPAP e BIPAP nas complicações respiratórias da miastenia grave?

Orientador:

Cristiano de Lima Silvestre

Cristianosilvestre@grupocefapp.com.br

Fisioterapeuta, especialista em terapia intensiva pela ASSOBRAFIR, Mestrando em educação física na UPE. Coordenador do programa de pós graduação de fisioterapia em terapia intensiva pelo Centro de Formação e Aperfeiçoamento Profissional - CFAPP - PE e PB, coordenador do serviço de fisioterapia dos Hospitais Santa Teresinha e Fraturas - PE, fisioterapeuta Intensivista do Hospital Agamenon Magalhães e Hospital Correia Picanço -PE. Professor do Centro Universo Recife, Docente de diversos programas de pós graduação na área de enfermagem e fisioterapia na região Nordeste. Fone: +81 99751-1210

Referências Bibliográficas  

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ISSN 2965-2340