Victor José Uchoa de carvalho

Maria Clara Diniz de Oliveira

Antônio Alexandre Barbosa Santos

Magda Helena Rocha Dantas

O câncer de boca é uma patologia que apesar de fácil identificação e diagnóstico, apresentando lesões precursoras bem definidas, tem seu diagnóstico realizado na maioria das vezes de forma tardia, comprometendo a eficácia do tratamento, a qualidade de vida do paciente e onerando os custos dispensados para o tratamento e reabilitação exigidos em casos avançados. O controle do câncer em nosso país representa, atualmente, um dos grandes desafios que a saúde pública enfrenta, pois, sendo a segunda causa de morte por doença, demanda a realização de ações com variados graus de complexidade. Infelizmente, a maioria dos cânceres orais só é diagnosticada após já ter ocorrido a disseminação para os linfonodos da região mandibular e do pescoço. Devido à detecção tardia, 25% dos cânceres bucais são fatais. No que tange ao câncer da boca, observou-se um aumento da taxa de mortalidade nos últimos anos, sendo este aumento principalmente observado no sexo masculino. No Brasil, dados dos Registros de Câncer de Base Populacional mostram que o câncer de boca ocupa o 4º lugar entre os tipos de câncer mais incidentes no sexo masculino. Além disso, os dados dos Registros Hospitalares de Câncer brasileiros também mostram que a maioria dos pacientes chega aos hospitais em fase avançada, cujo tratamento deixa de ser curativo, e na maioria dos casos é mutilante, o que influi no tempo e qualidade de sobrevida desses pacientes. O risco de câncer bucal é maior para os indivíduos tabagistas e alcoolistas. A combinação do álcool e do tabaco apresenta uma maior probabilidade de causar câncer que qualquer uma das duas substâncias usadas isoladamente. O cigarro é uma das causas mais prováveis de câncer bucal, mais que o hábito de fumar charuto ou cachimbo. Uma área castanha, plana, comumente denominada como “mancha do fumante” pode aparecer no local onde habitualmente o tabagista mantém o cigarro ou o cachimbo nos lábios. Apenas uma biópsia pode determinar se a lesão é cancerosa ou não. A irritação mecânica crônica da mucosa oral provocada por bordas de unidades dentárias fraturadas, restaurações ou próteses dentárias mal-adaptadas pode também aumentar o risco de desenvolvimento do câncer bucal. Os indivíduos com antecedente de câncer oral apresentam um maior risco de desenvolver um outro tipo de câncer. Os cânceres bucais ocorrem mais comumente nas bordas laterais da língua, no assoalho da boca e no palato mole. Esses cânceres freqüentemente são carcinomas verrucosos de crescimento lento, já o melanoma ocorre menos comumente na boca. A falta de educação da população a respeito do câncer de oral, associado à negligência por parte de alguns cirurgiões-dentistas no exame minucioso dos tecidos moles da cavidade bucal, consiste nos principais entraves ao diagnóstico precoce desta patologia. Contribuindo dessa forma para que o câncer bucal ocupe o oitavo lugar entre as neoplasias mais frequentes. Vale ressaltar, ainda, que esta patologia não está exclusivamente relacionada a adultos e idosos, pois na faixa etária de 5 a 14 anos esta doença aparece entre as dez maiores causas de óbito, devendo, portanto, ser considerado um problema de saúde pública. É, portanto, fundamental que sejam articulados mecanismos por meio dos quais se possam promover o encontro de indivíduos motivados a cuidar de sua saúde com uma rede de serviços quantitativamente e qualitativamente capaz de suprir essa necessidade, em todo o território nacional. Para enfrentar tal desafio, a adoção de uma política que contemple, entre outras estratégias, a capacitação de recursos humanos para o diagnóstico precoce e prevenção do câncer, torna-se necessária para o seu efetivo controle.

Palavras-chaves: Câncer de boca; Neoplasias malignas; Etiologia da doença; Educação da população; Autoexame da boca.