REVISTA TRANSDISCIPLINAR UNIVERSO DA SAÚDE, Vol. 3, No 3 (2023)

Tamanho da fonte:  Menor  Médio  Maior

MANEJO DO RISCO OCUPACIONAL À PATÓGENOS EM CONSULTÓRIOS ODONTOLÓGICOS

Victor José Uchoa de Carvalho, Maria Clara Diniz de Oliveira, Antônio Alexandre Barbosa Santos, Magda Helena Rocha Dantas

Resumo


Victor José Uchoa de carvalho

Maria Clara Diniz de Oliveira

Antônio Alexandre Barbosa Santos

Magda Helena Rocha Dantas

 

Doenças infectocontagiosas têm estimulado pesquisas sobre acidentes ocupacionais e biossegurança entre profissionais da saúde de diferentes países. No Brasil, poucos são os estudos realizados na Odontologia. Trata-se, portanto, de uma profissão, que abrange uma grande variedade de procedimentos com diferentes níveis de complexidade, geralmente implicando em contato com secreções da cavidade oral, a exemplo de saliva. Além disso, os profissionais também estão expostos ao sangue e outros tipos de secreções, como as das vias aéreas superiores, bem como aerossóis que são produzidos no atendimento ao paciente no consultório odontológico, sendo fator de risco para a transmissão de infecções, A adoção das normas de biossegurança torna-se imprescindível, para que seja evitada contaminação cruzada nos ambientes clínico-odontológicos. Essa contaminação pode-se dar por diversos meios, e quando os procedimentos de esterilização, desinfecção e antissepsia não são devidamente executados pelo profissional, o controle das infecções torna-se ainda mais dificultado. A preocupação no controle dos microrganismos tornou-se mais evidente com a descoberta do vírus HIV, quando a partir de então maiores cuidados foram tomados para evitar a disseminação de diversas doenças infecto-contagiosas. Além do vírus HIV, outros microrganismos patogênicos responsáveis por diversas doenças, tais comohepatites A e B, herpes e tuberculose, tornam-se uma preocupação constante tanto para os profissionais como para os pacientes; sendo portanto fundamental, que sejam seguidas as normas preconizadas atualmente em relação à biossegurança. Entretanto, o controle de microrganismos no ambiente odontológico torna-se um desafio ao profissional, visto que alguns equipamentos frequentemente utilizados, tais como: a turbina de alta rotação e a seringa tríplice, produzem aerossóis constantemente, facilitando assim a propagação dos microrganismos no ambiente. Além dos aerossóis produzidos, existe ainda um outro risco de infecção quando a turbina e a seringa tríplice são utilizados, a probabilidade de ocorrer um refluxo dos microrganismos para o interior do lúmen desses equipamentos, facilitando assim uma contínua recontaminação. Deve-se ainda atentar para o fato de que os microrganismos também podem ser veiculados através da água que passa por estes equipamentos, este fato ocorre devido à formação de um biofilme no interior da tubulação dos sistemas de condução de água, permitindo assim a sua contaminação. Os biofilmes resultam de interações entre as células bacterianas, que muitas vezes, encontram-se em associação estreita com superfícies e interfaces, na forma de agregações multicelulares.As células constituintes do biofilme beneficiam-se de diversas maneiras, dentre as quaisproteção contra os insultos e ataques ambientais. Entretanto, a formação e manutenção de comunidades de estrutura multicelular depende criticamente da produção de substâncias extracelulares, que em conglomerado, constituem uma matriz extracelular. Apesar da presença universal da matriz extracelular em biofilmes, é evidente que existe uma diversidade enorme em suas composições. Proteínas e polissacarídeos extracelulares mostraram ser os componentes chaves da matriz, entretanto podem existir outros componentes, como o DNA extracelular e células mortas. Portanto, os biofilmes são constituídos por proteínas, lipídeos, fosfolipídeos, carboidratos, sais minerais, vitaminas, dentre outros componentes, formando assim uma espécie de crosta sob a qual os microrganismos continuam a crescer, associando-se a outros microrganismos.Através do biofilme, é garantido um sistema de comunicação que coordena as atividades metabólicas em beneficio mútuo, bem como é produzido fatores de virulência que facilitam a disseminação no hospedeiro. É importante frisar que por ser uma comunidade microbiana normalmente constituída por várias espécies, é possível também que ocorra a troca de material genético entre as bactérias. Portanto, os microrganismos estão mais resistentes à ação dos antibióticos e demais agentes físicos e químicos e por conta de sua ubiquidade, o biofilme tem causado grandes prejuízos a diversos setores da indústria, sistemas de abastecimento de água, implantes médicos e odontológicos, microchips, dentre outros. Em consultórios odontológicos, pode-se verificar a formação de biofilmes, principalmente em determinados equipamentos, comoa seringa tríplice. Este item da clínica odontológica apresenta-se constituído de uma pequena canaleta com diâmetro reduzido, por onde circulam ar e água. No interior do orifício da seringa tríplice pode-se formar naturalmente o biofilme, cuja aderência de certas espécies é facilitada pelas irregularidades microscópicas existentes na superfície interna dos condutores de água. Portanto, quando a água passa por esses orifícios, muitos desses microrganismos podem desprender-se e serem levados à cavidade oral, causando assim sérios problemas de saúde às pessoas, principalmente os indivíduos imunodeficientes.Devido às portas de entrada que podem existir dentro da cavidade oral, seja pela existência de alguma patologia ou pelo fato de o indivíduo estar se submetendo a algum procedimento cirúrgico, torna-se de vital importância a adoção de medidas que visem o controle de infecção em clínicas odontológicas. Portanto, o uso de produtos químicos possibilitaria uma maior redução no número desses microrganismos, assim como o uso de seringas tríplices autoclaváveis seria de imprescindível importância para reduzir a formação de biofilmes.

 

Palavras chaves: HTLV-1, manifestações clínicas, epidemiologia




 

 

REVISTA TRANSDISCIPLINAR UNIVERSO DA SAÚDE

PUBLICAÇÃO SEMESTRAL DA UNIVERSIDADE SALGADO DE OLIVEIRA

ISSN 2965-2340