REVISTA TRANSDISCIPLINAR UNIVERSO DA SAÚDE, Vol. 4, No 4 (2024)

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A VACINA DA DENGUE: UMA FERRAMENTA CRUCIAL NA LUTA CONTRA UMA DOENÇA GLOBAL

Rafael Araújo Gomes Júnior, Tiago José de Macedo Cadide, Edvana dos Santos Ferreira, Emanuelle de Souza Santos

Resumo


A dengue é uma das doenças virais mais prevalentes e devastadoras transmitidas por mosquitos, afetando milhões de pessoas em todo o mundo anualmente. A busca por uma vacina eficaz contra a dengue tem sido uma prioridade para a saúde pública global devido ao impacto significativo da doença na morbidade e mortalidade. A vacina da dengue representa uma promessa notável na prevenção e controle dessa enfermidade, embora sua história de desenvolvimento e implementação tenha sido marcada por desafios complexos e controvérsias.A dengue é causada por quatro sorotipos diferentes do vírus, transmitidos principalmente pelos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus. Os sintomas da doença variam de uma febre autolimitada a formas graves, como a dengue grave, que pode levar à morte. A ausência de tratamentos específicos torna a prevenção por meio de medidas de controle de vetores e, idealmente, por meio da vacinação, uma estratégia crucial na gestão da dengue.A primeira vacina licenciada para a dengue, a Dengvaxia, foi desenvolvida pela Sanofi Pasteur e obteve a aprovação de autoridades regulatórias em vários países. Esta vacina é uma vacina tetravalente, projetada para fornecer proteção contra os quatro sorotipos do vírus da dengue. No entanto, sua implementação enfrentou desafios significativos devido a questões relacionadas à eficácia, segurança e impacto público.Um dos principais problemas associados à Dengvaxia foi a observação de um risco aumentado de dengue grave em indivíduos não expostos previamente ao vírus da dengue. Isso levou a preocupações substanciais sobre a segurança da vacina, especialmente em áreas endêmicas onde a soroprevalência da dengue é baixa. Além disso, a eficácia variável da vacina em diferentes sorotipos e grupos etários limitou sua utilidade em certas populações.Apesar dos desafios enfrentados pela Dengvaxia, outros candidatos a vacinas estão em desenvolvimento e demonstraram promessa em estudos clínicos. Entre eles, destacam-se a vacina da Takeda, a vacina da Butantan e a vacina da Merck. Essas vacinas estão sendo projetadas para abordar as limitações da Dengvaxia, incluindo aprimoramentos na eficácia, segurança e aplicabilidade em diferentes populações.Além das vacinas tetravalentes, outras abordagens estão sendo exploradas no desenvolvimento de vacinas contra a dengue. Isso inclui vacinas bivalentes e monovalentes, bem como estratégias baseadas em tecnologias de vetor recombinante e vírus vivo atenuado. Essas abordagens visam otimizar a proteção contra sorotipos específicos ou melhorar a segurança e a eficácia das vacinas existentes.No entanto, além do desenvolvimento de vacinas, a prevenção e o controle da dengue requerem uma abordagem multifacetada que inclui medidas de controle de vetores, educação pública e fortalecimento dos sistemas de saúde. A integração da vacinação contra a dengue em programas de imunização existentes é essencial para garantir o acesso equitativo à vacina e maximizar seu impacto na redução da carga da doença.Em paralelo ao desenvolvimento de vacinas, também é crucial investir em pesquisas para entender melhor a epidemiologia, patogênese e imunologia da dengue. Isso ajudará a orientar estratégias de intervenção mais eficazes e adaptadas às necessidades específicas de diferentes populações e contextos epidemiológicos.Em conclusão, a vacina da dengue representa uma ferramenta crucial na luta contra uma doença globalmente prevalente e impactante. Embora os desafios associados ao desenvolvimento e implementação de vacinas contra a dengue sejam significativos, os avanços contínuos na pesquisa e no desenvolvimento de novas vacinas oferecem esperança para um futuro em que a dengue possa ser controlada de forma eficaz e sustentável.

REFERÊNCIAS

MINISTÉRIO DA SAÚDE,https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/d/dengue. Acessado em março de 2024.

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PUBLICAÇÃO SEMESTRAL DA UNIVERSIDADE SALGADO DE OLIVEIRA

ISSN 2965-2340