REVISTA TRANSDISCIPLINAR UNIVERSO DA SAÚDE, Vol. 4, No 4 (2024)

Tamanho da fonte:  Menor  Médio  Maior

AVANÇOS NO TRATAMENTO DO HIV

Victor José Uchoa de Carvalho, Rafael Araújo Gomes Júnior, Tiago José de Macedo Cadide, Edvana dos Santos Ferreira

Resumo


O vírus da imunodeficiência humana (human immunodeficiency virus - HIV) é um lentivírus que causa a síndrome da imunodeficiência adquirida (acquired immunodeficiency syndrome - aids), responsável por uma deterioração progressiva do sistema imunológico e que infecta principalmente os linfócitos T (LT) CD4+, os macrófagos e as células dendríticas.A infecção provoca a diminuição do número de LT-CD4+ por meio de diversos mecanismos, entre os quais a apoptose de células espectadoras, a morte viral de células infectadas e a morte de LT-CD4+ por meio de linfócitos T citotóxicos CD8+ que reconhecem as células infectadas. Quando o número de LT-CD4+ desce abaixo do limiar aceitável, o corpo perde a imunidade mediada por células e torna-se progressivamente mais suscetível a infecções oportunistas (Dullaers M, Thielemans K., 2006). A importância do diagnóstico precoce reside na sua capacidade de reduzir a transmissão do vírus e melhorar significativamente o prognóstico dos indivíduos infectados. Nesse contexto, o desenvolvimento de tecnologias de diagnóstico avançadas e sua implementação em larga escala têm sido focos de pesquisa intensiva (Nogueira & Ramos, 1987). Paralelamente, o tratamento do HIV tem evoluído drasticamente com a introdução de regimes terapêuticos antirretrovirais (ARV) que transformaram a infecção por HIV de uma sentença de morte em uma condição gerenciável cronicamente (Araújo, Nogueira & Ramos, 1997). Apesar desses avanços, questões como a adesão ao tratamento, os efeitos colaterais a longo prazo e a necessidade de terapias mais acessíveis e menos tóxicas permanecem como desafios significativos (Carvalho et al., 2010).No Brasil, em 2015, dados epidemiológicos apresentados por documentos oficiais indicam que a epidemia está estabilizada (BRASIL, 2015). No entanto, o Relatório Global do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (UNAIDS), o Prevention Gap Report, lançado em julho de 2016, destaca que na América Latina, assim como no Brasil, o número anual de novas infecções pelo HIV em adultos vem aumentando lentamente desde o ano 2000 (UNAIDS, 2016).Em 2016, o Brasil adotou as metas para 2020 e 2030, ações e estratégias recomendadas pelo Sistema ONU e, a partir delas, reorientou a Política Nacional de enfrentamento do HIV/Aids (BRASIL, 2016). O Ministério da Saúde impulsionou as abordagens de Prevenção Combinada, englobando o Tratamento como Prevenção (TcP) e a Profilaxia Pré-exposição (PrEP) entre as estratégias de prevenção (BRASIL, 2016; 2017, 2018).A trajetória dos regimes terapêuticos antirretrovirais (ARVs) representa uma das histórias de sucesso mais notáveis na medicina moderna, transformando o HIV/AIDS em uma sentença de morte em uma condição gerenciável a longo prazo. Inicialmente, a terapia antirretroviral de alta eficácia (HAART) revolucionou o tratamento do HIV, combinando múltiplos ARVs para suprimir o vírus, melhorar a função imunológica dos pacientes e reduzir a mortalidade e morbidade associadas ao HIV/AIDS. Esses regimes baseiam-se na utilização estratégica de diferentes classes de medicamentos para atacar o vírus em várias etapas de seu ciclo de vida, maximizando a eficácia do tratamento e minimizando as chances de resistência viral(LUCAS, M. C. V.; BÖSCHEMEIER, A. G. E.; SOUZA, E. C. F., 2023). Nos últimos anos, testemunhamos o desenvolvimento e a aprovação de tratamentos de ação prolongada, uma inovação significativa para pessoas vivendo com HIV. Esses novos regimes terapêuticos, administrados por injeções mensais ou bimestrais, prometem melhorar a adesão ao tratamento ao reduzir a necessidade de ingestão diária de comprimidos. Esta evolução é particularmente relevante para pacientes que enfrentam dificuldades com regimes complexos ou que desejam maior discrição em seu tratamento, potencializando uma melhora na qualidade de vida e na gestão da condição a longo prazo (CUNHA, R. F. et al, 2021).



 

 

REVISTA TRANSDISCIPLINAR UNIVERSO DA SAÚDE

PUBLICAÇÃO SEMESTRAL DA UNIVERSIDADE SALGADO DE OLIVEIRA

ISSN 2965-2340