REVISTA TRANSDISCIPLINAR UNIVERSO DA SAÚDE, Vol. 4, No 4 (2024)

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OSTEOMIELITE DE GARRÉ EM MANDÍBULA: IMPORTÂNCIA DO DIAGNÓSTICO PELOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE PARA SEU TRATAMENTO EFETIVO

Caliandra Pinto Araújo, Rita de Cássia Santos Pereira Benigno, Tiago José de Macedo Cadidé

Resumo


A osteomielite de Garré (OG) também conhecida como osteomielite esclerosante crônica, osteomielite crônica com periostite proliferativa, osteomielite esclerosante crônica não supurativa e periostite ossificante é uma doença inflamatória rara, de caráter crônico caracterizada por reação periosteal com neoformação óssea secundária a infecções bacterianas de origem odontogênica. A OG é mais prevalente na primeira e segunda décadas de vida, com discreta predominância no sexo masculino (Akgül et al., 2018).  Acomete principalmente a mandíbula, em região de molares, sendo caracterizada pelo aumento de volume em sua periferia, podendo causar assimetria facial.

O fator etiológico mais comum da patologia é a infecção ou irritação leve a moderada, sendo a cárie na região de molar permanente a mais relacionada. É notada a presença de lesão periapical associada a um dente cariado. Outros fatores como infecção periapical dos molares inferiores, fraturas não tratadas, infecção periodontal, folículo dentário, exodontia recente, dentes inclusos, cisto bifurcado vestibular, cisto odontogênico lateral, infecção não odontogênica e origem idiopática também são descritos como predisponentes (Kadom et al., 2011; Obel et al., 2013; Park e Myoung, 2016).  Os aspectos clínicos observados na osteomielite de Garré são assimetria facial, tumefação de consistência rígida, localizada e unilateral, que pode ser constatada nos exames intra e extraorais. Relato de dor leve a moderada podem acontecer, com períodos de latência desta e aumento progressivo da sintomatologia; além de linfodenopatia, febre, mal-estar e presença de trismo (Akiyama et al., 2013; Moraes et al., 2014).

Radiograficamente, a periostite ossificante é caracterizada pela presença de esclerose densa com nova formação óssea do periósteo, havendo dupla formação óssea resultando em uma aparência de “casca de cebola” devido à sucessiva deposição de camadas de osso subperiósteo.  A osteogênese reacional adjacente à rarefação óssea observada nos exames de imagem radiológica associada ao exame clínico minucioso são os recursos essenciais para determinação do diagnóstico da osteomielite de Garré. Apesar de não ser isoladamente conclusivo, o exame radiográfico é de grande importância no processo de diagnóstico, sendo que as radiografias oclusal e panorâmica podem suprir a necessidade do diagnóstico sem a necessidade de exame radiológico complementar em três dimensões ou tomografia computadorizada de feixe cônico (Barros et al., 2015). Existem enfermidades que apresentam características radiográficas semelhantes às da osteomielite de Garré e precisam ser relacionadas para diagnóstico diferencial; dentre elas: a síndrome de Caffey (hiperostose cortical infantil); o sarcoma de Ewing, a hipervitaminose A, e a displasia fibrosa (Conte et al., 2013; Moraes et al., 2014; Park e Myoung, 2016).

O conhecimento dos profissionais de saúde sobre o diagnóstico de osteomielite de Garré interfere diretamente no prognóstico do tratamento, visto que somente a medicação antibiótica sistêmica é ineficiente para sua cura. O exame clínico é muito importante durante o processo de diagnóstico e o encaminhamento para intervenção odontológica é essencial a fim de eliminar o foco de infecção para restabelecer saúde ao elemento dental, reabilitando sua estética e função. Este é o tratamento ideal, porém quanto mais postergado o diagnóstico e instituição do devido tratamento, maior o risco de evolução do processo infeccioso podendo culminar com a indicação da exodontia do dente. Vale ressaltar a importância do conhecimento desta patologia para pediatras, devendo ser suspeitada quando há existência de doença dentária associada a um aumento de volume mandibular, visto prevalência na população pediátrica e importância da cura da doença com a preservação dental. O prognóstico da Osteomilielite de Garré é favorável, quando instituído tratamento adequado, remoção do foco infeccioso preferencialmente com a realização do tratamento endodôntico no dente acometido pela infecção associado a antibioticoterapia adjuvante.




 

 

REVISTA TRANSDISCIPLINAR UNIVERSO DA SAÚDE

PUBLICAÇÃO SEMESTRAL DA UNIVERSIDADE SALGADO DE OLIVEIRA

ISSN 2965-2340