REVISTA TRANSDISCIPLINAR UNIVERSO DA SAÚDE, Vol. 4, No 4 (2024)

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CEPAS MULTIRRESISTENTES NA RECIDIVA DA TUBERCULOSE

Victor José Uchoa de Carvalho, Ezequiel Fabiane Spanholi, James José de Carvalho Cadidé

Resumo


A forma clínica de TB com bacilos resistentes à rifampicina (RMP) e à isoniazida (INH) foi conceitualmente denominada multidrugresistant tuberculosis (MDRTB) nos Estados Unidos, no final da década de 1980. Entre 1982 e 1986, houve aumento expressivo de formas multirresistentes, levando ao reconhecimento do problema como sendo de saúde pública e revelando o impacto da epidemia de Aids e da desorganização dos serviços de saúde, inclusive em Nova York. No início dos anos 1990, foram relatados surtos de transmissão nosocomial de TBMR em hospitais de Nova York, todos caracterizados por diagnóstico tardio, uso de esquemas terapêuticos inadequados, alta mortalidade e alta taxa de transmissão, especialmente por se tratar de população hospitalizada e portadora de imunodeficiência por Aids (FUJIWARA et al, 1997). Outros autores já haviam relatado experiências semelhantes entre pacientes com portadores de Aids em estágio avançado de imunodepressão, resultando em taxas de mortalidade de até 60% num período de 16 semanas. No Brasil, há esquema padronizado para o retratamento de casos com falência do primeiro tratamento, que até 2004 se recomendava aplicar rifampicina, isoniazida e pirazinamida, independentemente da realização de teste de sensibilidade aos fármacos. Considera-se multirresistente, para fins de notificação e tratamento, aquele caso que apresente resistência in vitro à rifampicina e à isoniazida, e a mais um terceiro fármaco dos esquemas padronizados (BRAGA, WERNECK, HIJJAR, 2005). Apesar dos recentes avanços e descobertas envolvendo o comportamento entre o patógeno e o hospedeiro e da identificação de diversos alvos terapêuticos para o tratamento da tuberculose, a infecção causada pelo Mycobacterium tuberculosis (MT) continua sendo uma ameaça global à saúde, principalmente pelo surgimento e disseminação de novas cepas de MT multirresistentes e uma baixa taxa de sucesso pós-terapêutica. Diante disso, novas vertentes científicas buscam por novas alternativas de tratamento, mais eficazes e de menor custo, na tentativa de reduzir os efeitos colaterais e óbitos causados pelas cepas multirresistentes. Com esse fim, o uso de agentes imunomoduladores como terapias direcionadas ao hospedeiro (HDTs), tem se apresentado como uma promissora linha de intervenção, que tem como alvo a modulação e retificação de algumas vias biológicas do hospedeiro para gerar resposta imune (VOGADOet al, 2022). A presença de linhagens MDR reflete deficiências no controle da TB, o que dificulta o tratamento e a prevenção da doença, causando sua difusão. É necessário conhecer a suscetibilidade aos diferentes fármacos de uma linhagem individual a fim de se iniciar um tratamento com a combinação de fármacos mais adequada. A compreensão dos mecanismos moleculares envolvidos no desenvolvimento de resistência auxilia no desenvolvimento de metodologias para a detecção mais rápida dos isolados de M. tuberculosis resistentes. Isto auxiliará na redução de linhagens resistentes circulantes, trazendo grandes benefícios para a saúde pública (ROSSETTi et al, 2002). Apesar do aumento de casos de MDR-TB, as propostas de manejo e tratamento ainda se mostram falhas e inconclusivas. A baixa testagem e a subnotificação dos casos deixa dúvidas acerca da quantidade exata de casos da doença, aumentando o risco do uso de uma terapia medicamentosa falha, elevando o potencial de mortalidade (VOGADO, 2022).

   



 

 

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PUBLICAÇÃO SEMESTRAL DA UNIVERSIDADE SALGADO DE OLIVEIRA

ISSN 2965-2340